Blocos econômicos e a China na África - 8º ano - Geografia
Mecanismo formado por países chamados
“emergentes”, o BRICS possui um grande peso econômico e
político e pode desafiar as grandes potências mundiais. O BRICS é um
agrupamento econômico atualmente composto por cinco países:
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
África: Comunidades Econômicas Regionais. ESCRITO
POR Clarissa Correa Neto Ribeiro
Anteriormente, para o Observatório, discutimos acerca da integração
regional na África, com conceitos introdutórios sobre regionalismo e desafios
para a União Africana. O continente demonstra ser uma região fértil para a
criação de instituições multilaterais, tendo, ao longo de sua história,
desenvolvido diferentes propostas para a cooperação e integração dos países
vizinhos. O resultado é a composição de um cenário de coexistência de diversos
projetos, cuja coordenação e governança parecem difíceis de ser alcançadas.
Conforme abordado, diversas foram as inspirações para a criação de processos
regionais na África, desde raízes coloniais a propostas da ONU para o
desenvolvimento sub-regional. Contudo, a composição da Organização da Unidade
Africana (OUA), antecedente da União Africana (UA), influenciada pelos ideais
pan-Africanistas que ganharam força depois da Segunda Guerra Mundial, favorece
a mudança de rumos na coordenação regional.
De modo a viabilizar a criação de uma estratégia continental,
através da cooperação e convivência dos blocos, ainda nos anos 1980, o Plano de
Ação de Lagos propunha o fortalecimento dos projetos sub-regionais e a
coordenação e harmonização de estratégias. Essas proposições também se
consolidam com o Tratado de Abuja, que em 1991 estabelece a Comunidade
Econômica Africana (CEA) e ressalta a necessidade de promoção das interações
dos blocos sub-regionais para a promoção do propósito continental. Os
documentos encorajavam ainda a criação de novos mecanismos onde não existissem
blocos, de modo que todas as sub-regiões estivessem representadas e integradas.
Assim, os projetos se desenvolveram individualmente, com diferentes propósitos
e estruturas, compondo as chamadas Comunidades Econômicas Regionais (CERs).
Contudo, diante de sua multiplicidade, em julho de 2006, a Assembleia de Chefes
de Estado e Governo da União Africana, reunida em sua sétima sessão ordinária,
resolveu acatar a recomendação da primeira Conferência dos Ministros Africanos
da Integração e racionalizar o número de CERs. A racionalização se refere ao
reconhecimento por parte da União Africana dos blocos sub-regionais que fariam
parte de sua estratégia para a consolidação da CEA, e cujas políticas deveriam
ser trabalhadas de forma harmônica. As CERs selecionadas passam a ser
compreendidas como building blocks, ou pilares para a UA e sua escolha se deu
de maneira a abranger o maior número de Estados-membros e sub-regiões, evitando
a excessiva repetição de afiliações, regiões e propósitos.
A relação entre as CERs e a UA está regida pelo Tratado de Abuja, pelo
Ato Constitutivo da UA e é guiada pelo Protocolo de Relações entre as CER e a
UA, de 2008. As CERs oficialmente reconhecidas pela UA são 8:
- Comunidade
dos Estados Sahel-saarianos (CEN-SAD)
- Mercado
Comum da África Oriental e Austral (COMESA)
- Comunidade
da África Oriental (EAC)
- Comunidade
Econômica dos Estados da África Central (ECCAS)
- Comunidade
Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS)
- Autoridade
Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD)
- Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral (SADC)
- União
Árabe do Magrebe (UAM)
Diante de um panorama regional tão diverso, a proposta é refletir acerca
da estratégia adotada pela UA como bloco continental em busca da governança na
África. Deve-se destacar que o reconhecimento de CERs não significou a extinção
de outras iniciativas regionais na África, ou a impossibilidade de criação de
novos projetos. Também não significa que entre as próprias CERs reconhecidas
não há conflitos de interesse ou sobreposição de afiliações. No entanto,
pode-se perceber os esforços no continente para a articulação, através de uma
instituição “guarda-chuva”, ou mais abrangente, dotada de uma organização
interna. Tais esforços se refletem na crescente coordenação entre os membros da
UA em temas que extrapolam aos econômicos de suas
CER, como paz, segurança, desenvolvimento e, portanto, na busca conjunta pela
governança regional.
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