quarta-feira, 5 de agosto de 2020

O papel do futuro da Ásia reportagem da Revista Nato - 2009.


O papel futuro da Ásia
É possível defender a Ásia tem sido o continente que mais tem mudado no século XXI. Com o aumento do crescimento, das populações e da economia na região, o impacto na agenda de segurança não se podia fazer esperar. Nesta edição, analisamos apenas alguns dos assuntos que estão na ordem do dia: do papel da China relativamente às mudanças climáticas à importância da Ásia Central na estabilidade regional.

Reportagem da Revista Nato - 2009

Quando se faz uma reportagem sobre a Ásia, é raro haver pouco a dizer. Trata-se de uma região onde existe um Estado pária nuclear, bem como a segunda e a terceira maiores economias do mundo, a maior população mundial e a lista continua por aí em diante.
Hoje em dia, é ainda óbvio que até os assuntos transatlânticos estão intrinsecamente associados ao que acontece na Ásia. Se não está convencido, basta perguntar às pessoas, desde os ativistas das mudanças climáticas aos banqueiros de Wall Street.
Por ironia do destino, à medida que os olhos do mundo se concentram cada vez mais na Ásia (em especial na China), os olhos da Ásia estão cada vez mais voltados para dentro, para os assuntos internos. Por exemplo, no Japão os cabeçalhos dos jornais são dominados pelas dificuldades internas do partido do novo governo.
De igual modo, seria um erro pensar que as questões externas, como a venda de armas dos Estados Unidos à Formosa, preocupam o cidadão comum chinês.
 Uma sondagem na internet imediatamente antes do Congresso Nacional do Povo, em Março, (o Parlamento chinês) perguntou aos cidadãos chineses que assuntos deveriam ser debatidos. Os assuntos que encabeçavam a lista não eram nem a Formosa nem o Dalai Lama, mas antes a corrupção, as disparidades de rendimento e a estrondosa subida dos preços das casas.
Isso deve-se ao fato de que na China a política ser, de facto, inteiramente local, parafraseando uma citação americana. Nesta edição, analisamos a forma como a postura externa do país é frequentemente ditada pelas necessidades domésticas. Além disso, vamos ouvir os especialistas chineses afirmar que a estabilidade do país depende da sua capacidade de satisfazer essas necessidades.
É fundamental ter em conta este aspecto quando se analisa a posição da China sobre qualquer assunto, desde as mudanças climáticas ao programa de mísseis da Coreia do Norte. Tudo o que é externo vem em segundo lugar. Manter o país unido, em desenvolvimento e estável vem em primeiro lugar.
Os líderes da China sabem que o seu destinatário mais importante é interno. Neste aspecto, poderão estar a aplicar a sabedoria de Confúcio, em particular a citação “quando a fúria aumenta, pense nas consequências”.
Paul King, Chefe de Redação da revista Nato.




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